sábado, 26 de setembro de 2009

A PALAVRA FRALÃES

Farelães é o solar
Que aos Correias deu o ser,
E D. Paio veio a ter,
O qual fez o sol parar,
Para os mouros vencer.

A nossa afirmação de que D. Paio Peres Correia é natural de Monte de Fralães, concelho de Barcelos, assenta, como a seu tempo veremos, numa investigação feitas sobre as Inquirições e na continuada tradição genealógica. Neste sentido, esta quintilha de D. João Ribeiro Gaio - que foi bispo de Malaca, mas que era natural de Vila do Conde - mesmo inquinada de lenda, confirma a tradição genealógica.
D. João Ribeiro Gaio adopta, para designar Fralães, a forma Farelães, que é errada, sem base histórica, e que assenta na suposição de que a palavra deriva de farelo.

Capa do primeiro livro dos Registos Paroquiais de Monte de Fralães (então dizia-se S. Pedro do Monte) da autoria do P.e Jácome Dias.


Curiosamente, o pai do vocábulo Fralães é um pároco de Monte de Fralães, também da segunda metade do séc. XVI (como D. João Ribeiro Gaio), que se chamava Jácome Dias. Ele dedicou-se de alma e coração à sua pequena paróquia e teve o bom senso de deixar memória da sua obra. Nuns relatórios que abrem o livro dos registos paroquiais, que iniciou, usa por duas vezes a forma Fralães.
Noutros documentos continuou a escrever-se Farelães e, em finais do séc. XVII, Cristóvão Alão de Morais, na Pedatura Lusitana, defende explicitamente a forma Farlães — «que assi se acha nas escrituras antigas». A forma Fralães teve a sua primeira grande consagração, cerca de 1700, na Corografia Portuguesa, cujo autor certamente consultou os registos do P.e Jácome Dias (que ainda estavam na paróquia).
Farlães vem nas Inquirições de D. Afonso III, na acta de Viatodos (vizinha de Monte de Fralães). Hoje escreve-se Fralães, sem que seja possível deslindar o seu étimo.

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