Ao certo sabe-se que D. Paio Soares Correia morreu antes de 1220, pois nesta data o Mosteiro de S. Bento da Várzea já era senhor de um casal de Nabais, Póvoa de Varzim, que ele lhe deixara à sua morte.
Investiguemos a memória que as Inquirições conservam do avô paterno de D. Paio Peres Correia nas proximidades de Fralães.
Em 1220, a freguesia de S. Pedro do Monte (actual Monte de Fralães) — mencionada no Censual do Bispo D. Pedro (então com o nome de S. Cristóvão de Silveiros) século e meio antes — foi ignorada pelos inquiridores. Por isso, apesar de as Inquirições de 1220 fazerem menção das duas filhas do primeiro casamento de Paio Soares Correia (D. Ouroana, em S. Salvador de Silveiros e Nabais, D. Sancha, na «Honra dos Correias», em S. Vicente, Gondifelos) o nome deste Correia só aparece em 1258. Mas nesta data é ver quem mais o lembra.
O que vai ser dito de seguida – e que pode ser confirmado nas Inquirições de D. Afonso II e D. Afonso III – apesar de não ser de agradável leitura, é fundamental para garantir a naturalidade fralanense de D. Paio Peres Correia.
Em 1258 S. Pedro do Monte (actual Monte de Fralães, repito) era «honra antiga de Paio Correia». E Paio Correia continuava a ser D. Paio Soares Correia, não o seu insigne e quase homónimo neto, que estava no auge da sua carreira. Viatodos é, numa parte muito significativa, «Honra de Farlães», isto é, a Honra de Fralães alongava-se pela freguesia vizinha, freguesia onde se encontra repetida menção da sua primeira esposa, D. Gontinha Godins, que aí teve uma herdade, um casal e uma quinta. Duas destas propriedades prolongavam-se por Nine, onde também se fala de uma herdade e de uma quinta que a mesma D. Gontinha possuíra. Os lugares ninenses de Quintãs e Ribeira eram «honra antiga de pousada de D. Paio Correia».
Em S. Veríssimo (posteriormente integrada em Cavalões), «toda esta paróquia é honra do ilustre rei D. Afonso Henriques ou honra de D. Paio Correia», e em Cova haviam-se criado uma filha sua do segundo casamento, Maria Pais Correia, e uma neta, filha de D. Ouroana e Pêro Gravel, Sancha Peres Gravel.

Gresufes, incluída depois em Balasar, «é honra antiga de D. Paio Correia o Velho».
Em Nabais (Póvoa de Varzim), Paio Correria surge como pai de «D. Ouroana Pais», casada com Pêro Gravel (que terá levado os Correias para esta terra à beira-mar? Havendo por lá vários Godins, seriam eles aparentados com D. Gontinha?)
Concluindo: por onde quer que tenha andado ao longo da sua vida, as raízes fralanenses de Paio Soares Correia parecem bem fundas. Nas proximidades desta freguesia possuía largas propriedades. Ao olhar da encosta do monte d’Assaia, onde tinha o seu palácio, para nascente e sul, deliciar-se-ia com o espectáculo dos seus domínios nas férteis margens do Este, onde viviam familiares seus.
Benfeitor do Mosteiro da Várzea, Paio Soares Correia aí terá sido sepultado. Homem de corte, os seus filhos todavia terão tido a vida ligada a Fralães.
Já rastreámos alguns dos passos de D. Ouroana (e até já lhe encontrámos uma filha em Cavalões), bem como da irmã D. Sancha. Com o marido, D. Ouroana comprou uma vez em Silveiros as «herdades de Madinos».
D. Sancha também faz aquisições em S. Vicente.
Na imagem, pedra com uma rosácea sexfólia que se presume que terá pertencido à igreja medieval de Monte de Fralães, aquela em que terá sido baptizado D. Paio Peres Correia.
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